A desigualdade social acarreta, em seu curso, outros fenômenos igualmente preocupantes numa sociedade, e que são anomalias sociais, trazendo malefícios à população.
Percebe-se, através de pesquisas, estudos e levantamentos feitos por órgãos competentes, que os países onde a desigualdade social é elevada, também registram índices igualmente elevados de outros fatores negativos, tais como: violência e criminalidade, desemprego, desigualdade racial, guerras, educação precária, falta de acesso a serviços públicos de qualidade, diferenciação de tratamento entre ricos e pobres, entre outros.
Abaixo, a contextualização de alguns desses fenômenos em relação à desigualdade social:
A violência é um tipo de comportamento que, como consequência, causa dano a uma pessoa ou grupo de pessoas, ou objeto, e viola a integridade física ou psicológica do indivíduo. É a força física ou psicológica empregada de maneira excessiva e danosa a outrem. E a criminalidade é, para o Direito, uma conduta atípica, passível de culpa, a qual viola um código de leis ou constituição praticada por seres humanos, e vulgarmente tida como um ato que transgride o princípio da moralidade.
Violência e criminalidade são fenômenos que costumam precederem entre si e que, na maioria dos casos, pode ser explicado como consequência da desigualdade social.
Pessoas sem acesso a uma boa educação, até mesmo por parte dos pais, e que sofrem omissão do estado, não tendo condições básicas de subsistência, acabam se influenciando, ora por tendência natural da psique humana, ou por influência do meio social onde vivem, a praticar atos delituosos e violentos, como forma, em suas próprias concepções de adquirir meios financeiros, ou mesmo de luta contra a desigualdade imposta.
Como resultado, observam-se, em países e regiões que sofrem com a desigualdade social, altos índices de homicídios e delitos praticados pelos indivíduos em geral, mais carentes de recursos e tendenciosos a atos desse tipo.
Vale ressaltar que esses fenômenos não ocorrem como regra da consequência de desigualdades sociais, haja vista que a maioria da população que é afetada pela desigualdade, não recorre a meios violentos ou ilícitos para driblar essa realidade, sendo esses fenômenos explicados, nesses casos, por traços de personalidades individuais.
É a média da população que, com a sua força de trabalho, não está devidamente alocada em um emprego. É um fenômeno com maior índice, observado principalmente em países emergentes, cuja economia não cresce em proporção ao crescimento demográfico da população, que, por sua vez, não encontra meios de alocação no mercado de trabalho, por consequência de outros fenômenos como a educação precária, e mecanização da maioria dos meios de produção.
Observa-se o desemprego como outra consequência da desigualdade social, uma vez que quem detém a renda numa sociedade, tem acesso a uma melhor capacitação profissional e educacional, que subsidia a empregabilidade de um cidadão.
É o nome dado à sensação fisiológica, sentida pelo corpo, de ingerir alimentos para manter suas funções necessárias para a vida, quando esse corpo se encontra privado de alimentos. A fome é uma anomalia social e fisiológica, que traz também, em suas causas, a desigualdade social e suas consequências.
Como causas sociais da fome, temos, entre outras: a guerra, conflitos civis, falta de acesso aos meios de produção e terras para cultivo de alimentos, invasões, má concentração de renda, dívida externa dos países que impedem o crescimento econômico, refletindo em falta de alimento para a população, etc. Numa sociedade com desigualdade social latente, a fome é um problema que atinge a população de forma drástica.
São conflitos que envolvem interesses, gerando disputa normalmente violenta entre dois ou mais grupos distintos de indivíduos, que se organizam na busca pela conquista desses objetivos. Normalmente, as guerras podem ser entre nações, ou grupos de uma mesma nação com intenções divergentes, ao ponto de gerar um conflito, sendo chamada de guerra civil ou conflito civil.
Observa-se que, em muitas das sociedades onde há uma desigualdade social elevada, existe algum tipo de guerra ou conflito civil em curso ou constantemente surgindo.
Os conflitos sociais costumam ser originados a partir de protestos em favor de melhores condições sociais. E as guerras sempre são um meio de países que já tem concentração alta de recursos, tentar expandir-se, conquistando, através da imposição e da força, países mais fracos econômica, militar e socialmente. Implicitamente, envolve a desigualdade social como causa.
A educação é um fenômeno que engloba os processos de ensinar e aprender e que existe em qualquer que seja a sociedade humana, guardadas as formas, os métodos e as proporções que são aplicados esses processos. A educação, numa sociedade, promove a culturalização e a inserção do indivíduo no meio social, através do aprimoramento de suas capacidades intelectuais.
Numa sociedade, quando a educação é afetada pela desigualdade social, reflete na qualidade com que se é aplicada a metodologia e as condições de espaço e estrutura física a determinadas camadas da população, gerando um déficit no aprendizado e na qualidade em que se é transmitido o conhecimento a quem aprende.
Essa precariedade em sistemas educacionais pode ter explicação em diversos fenômenos gerados pela desigualdade social, como má gestão pública de recursos financeiros, falta de interesse da população em se buscar um ensino de qualidade, uma vez que, diante da pobreza, a sociedade atingida pela desigualdade vê-se em uma escolha entre sobreviver ou aprender, e o fenômeno da evasão escolar que cresce em escalas altíssimas.
A pobreza é entendida como a carência de recursos econômicos, sociais, financeiros e de energia para mudar o que é imposto. O fenômeno da pobreza talvez seja o que mais traduza a desigualdade social como um todo, visto que é a primeira consequência observada e identificada como divergência entre quem detém a maior parte da renda e quem não tem ou quase não possui renda.
Nota-se, nos países que têm os mais altos índices de desigualdade social, a disparidade entre ricos e pobres, em que uma parcela mínima, normalmente até 10% da população, detém mais de 50 % de todos os recursos econômicos, financeiros e sociais de uma população.
A parte mais preocupante da pobreza é a por falta de atitude de mudança, gerada por outro tipo de pobreza que é a financeira. A sociedade que sofre com o flagelo da pobreza, em geral, tende a se habituar sempre com o mínimo possível para a sobrevivência física.
A desigualdade racial, ou racismo, é a tendência de pensamento ou atitude humana, que dá grande importância a uma suposta existência de raças humanas diferentes e com diferenças em superioridade entre elas.
A desigualdade racial tem seus índices aumentados com o fenômeno social de desigualdade, uma vez que uma disparidade na distribuição de recursos financeiros, em muitas sociedades, gera uma separação, ou uma segregação por grupos de pessoas com outros tons de pele, gênero ou etnia, orientação intelectual, religiosa, filosófica, sexual, etc.
O tipo mais comum de desigualdade encontrado é o que ocorre entre brancos e negros, mas também observamos muitos outros tipos de discriminação racial, como a que ocorreu no regime do ditador Adolf Hitler, que acreditava ser a raça ariana (pessoas brancas de uma determinada região europeia) aquela superior em relação às outras, uma vez por ele concebido o conceito de raças humanas. Dado esse fato, Hitler promoveu um verdadeiro extermínio a judeus e pessoas de outras raças, o conhecido Holocausto, quando, de uma vez só, em um curto período de tempo, mais de 600 mil pessoas foram exterminadas.
Observamos também, na história mundial, uma segregação racial que ocorreu na África do Sul, país de origem negra, colonizado por ingleses, que passaram a habitar ali, e cresceram em população. Gerou-se, então, um enorme conflito, principalmente no que diz respeito ao preconceito em si, uma vez que bairros, escolas e até sanitários públicos eram separados para pessoas negras e brancas. O fenômeno chamado Apartheid (separação), ocorreu entre 1948 e 1994, cujos direitos da grande maioria negra da população eram cerceados pela minoria branca que governava.
Por tendências humanas da própria natureza e agravada por fatores sociais, a desigualdade racial é um fato atualmente mais velado; porém, ainda evidente na sociedade contemporânea.
A desigualdade social junto às suas consequências, funciona como um tipo de ciclo onde um fenômeno gera ou agrava o outro, fazendo assim com que sociedades sofram por omissão do Estado ou de quem detém a maior parte dos recursos.